quarta-feira, dezembro 08, 2004

 

Imenso


Aguardávamos nos balneários nervosos, quando a ordem de saída foi dada. Em passo de corrida escondemos o medo por detrás das vozes dos adeptos que vinham através do túnel para o qual nos dirigíamos.

Descemos as escadas até à entrada do tunel, e agora o clamor das bancadas arrepiava-me a pele dos pés à cabeça, elevando a cada passo meu a emoção até um estado de pré-gloria.

Os meus músculos continham a força do mundo, o meu espírito a motivação perfeita. Era agora, seria ali o nosso momento de batalha final, a imortalidade à distância de um golo.

Repleto desta energia, fiz-me ao túnel que dava acesso ao relvado. O êxtase da multidão elevou o nosso passo à velocidade máxima e fez ferver o nosso orgulho. A cada passo nele dado, a emoção crescia com o chamamento das claques. E crescia, e crescia, e crescia. Sentia-me quase senhor do mundo, todo o podersoso.

Até que o palhaço que tinhamos por guia, tentando sem grande esforço reproduzir o incentivo psiocológico do comandante dum batalhão de pára-quedistas à saída do avião, me deu uma palmadinha nas costas, empurrando-me para um trambolhão na minha realidade de mero visitante do imenso Estádio Jornalista Mário Filho, vulgo Maracanã.

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